domingo, 20 de novembro de 2011

O outro lado da moeda - Usina de Belo Monte

Antes de tirarem qualquer conclusão a respeito desta construção tão polêmica, apenas vendo videozinhos que só falam tudo o que a gente já sabe sobre impactos ambientais das usinas hidrelétricas, leiam esse texto mostrando de verdade a outra versão da história...
Analise você os fatos e versões, e tire SUAS próprias conclusões...
(Achei o texto no Facebook mas não conheço o autor)











Recebi um e-mail, muito bom, que analisa de uma forma interessante e simples
a questão da UHE Belo Monte e o vídeo dos "globais", que está em circulação pela internet.
Segue.

"Fontes de energia elétrica e eficiência energética

Antes de tudo, não existe hoje geração de eletricidade em grandes volumes que não causem danos ao meio-ambiente. Ponto. Não dá pra sustentar um Brasil na base de eólica ou solar com a tecnologia existente hoje. Cana de açúcar gera impacto na oferta e nos preços agrícolas, e portanto no meio-ambiente também.

Nuclear é a melhor opção disponível, mas uma vez a cada 30 anos acontece o que aconteceu no Japão.

Há muito desperdício de eletricidade no sistema. Há uma série de cálculos e argumentos que defendem que aumentando a eficiência energética economizaria-se mais que uma Belo Monte.

Correto, mas são 60 milhões de casas para coordenar essa economia de energia. Aumentar a eficiência energética é como evitar o desperdício de alimento. É difícil eu entrar na tua casa e impedir que você jogue as sobras do arroz do almoço fora. Da mesma maneira, é difícil eu fazer você trocar a sua fiação antiga por uma mais eficiente.

Eficiência energética é algo fundamental e necessário de se fazer, mas as pessoas colocam isso como se fosse apertar um botão. On, construo Belo Monte. Off, puff!, 200 milhões de pessoas começam a implantar medidas e gastar dinheiro em suas residências para combater o desperdício de energia.

É cobertor curto mesmo, não existe mágica.

Pra gerar energia, é preciso causar impacto ambiental. It really sucks, but that’s how it works. No caso de hidrelétricas, os maiores impactos são: migração forçada de população que reside na área inundada, belas paisagens naturais destruídas, perda de parte da fauna e flora de determinada região e submersão de patrimônio arqueológico ainda a ser descoberto.

Em Belo Monte especificamente, a magnitude desses impactos são SUBSTANCIALMENTE reduzidos.

Pra entender por quê, tem uma primeira noção importante de se ter. Já viu aqueles vídeos ou fotos bacanas de hidrelétricas com água jorrando como se fosse uma catarata? Pois é, quando uma hidrelétrica faz isso ela tá gerando ZERO de energia e jogando água em excesso fora, pelas suas comportas. Uma hidrelétrica funcionando movimenta pouca água. Existem algumas dezenas de passagens atrás da barragem para a água. Em cada passagem, uma turbina, que ao ser movimentada gera eletricidade. O dique existe por 2 razões: a. Armazenar água (e portanto energia) para poder usar no período sem chuvas; e b. Aumentar a pressão da água que passa por essa passagem, que gira a turbina e gera eletricidade. Quanto mais alto a barragem, maiores esses dois fatores. Maior também a área inundada. Compreendido?

Belo Monte, seus amores e seus pecados

Belo Monte usa um tipo especial de turbina, que chamam de turbina bulbo. Colocando de uma maneira BEM TOSCA, na turbina usual a água precisa vir de cima pra ela funcionar. A água bate em cima das pás da turbina e a fazem girar. A turbina bulbo funciona como a turbina de um avião, ela fica deitada na horizontal. A água não precisa cair nela, basta passar por ela para que ela gire. É uma turbina mais cara, menos eficiente e de manutenção mais difícil, mas ela precisa de uma barragem de apenas 20m de altura (Itaipu tem 100m). Ou seja, esse tipo de turbina inunda uma área cerca de 10 vezes menor que as turbinas convencionais.

Problema: essa área 10 vezes menor está na Amazônia. Merda, né? Não há mais rios pra se construir grandes hidrelétricas no Brasil fora da Amazônia. Onde dava pra fazer, já fizemos. Portanto, você escolhe: termoelétricas a gás, carvão ou óleo esporrando CO2 na atmosfera como se fossem milhões de gordinhos satisfeitos depois de comer aquela feijoada no domingo, ou Belo Monte. Ou ficamos no escuro.

Trust no one (ou como o blábláblá das empreiteiras e dos ambientalistas dá sono)

Obviamente, há uma pressão forte sobre o Ibama, que beira a ilegalidade. O Ibama tem resistido e imposto restrições contra a obra. Todo o dano ambiental deveria ser avaliado durante o tempo que for necessário e as contrapartidas ambientais deveriam se plenamente implantadas, mas Governo e empresas envolvidas na obra obviamente querem é que a obra aconteça o mais rápido possível.

Mas não sou contra a obra. Quase todos os argumentos apresentados em e-mails e redes sociais douram a pílula pra ser contra a obra, a ponto de distorcer fatos que na verdade reduzem o impacto ambiental da obra e transformá-los em argumentos CONTRA a obra.

Exemplo: um problema da turbina bulbo é que como a barragem é baixinha, não guarda água pra ser usada no período de seca. Logo, no período de seca, ela produz só 10% de sua capacidade. Aí me deparei com o seguinte argumento contra a obra: “Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.”

Ao que respondo, com finesse: CARÁLEO, mas vocês querem que inunde ou não inunde essa joça? Querem produzir 100% da capacidade durante a seca? Simples, põe um dique de 500m e alaga o Tocantins. Puerra, o camarada fala qualquer coisa sem nem entender do que tá falando!

Concluindo

Energia limpa em grande escala ainda não existe. Eficiência energética é algo que também demora para se viabilizar. Fontes tradicionais de geração de energia são ou perigosas ou poluentes. Belo Monte vai inundar uma área grande de um ecossistema complexo, com os impactos ambientais associados. Isso ocorrerá numa escala bem menor do que em hidrelétricas tradicionais.

Há muita desinformação sobre o assunto, num misto de incompetência e imaturidade de Governo, empreiteiras, ambientalistas e jornalistas para discutir esse assunto em alto nível. Lobistas e ambientalistas, em igual medida, inventam e distorcem argumentos pra aumentarem suas respectivas torcidas organizadas. É bonitinho ser um ator “engajado” numa “causa” “ambientalista”. Incompetência, má-intenção e oportunismo se somam e criam muito, muito ruído e pouca objetividade.

No meio disso tudo, sou a favor de Belo Monte, mais por falta de opção e por entender sua necessidade do que por qualquer outra razão, sem deixar de ficar puto com a maneira como o Ibama tem sido atropelado no processo."

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